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Chá das cinco

Chá das cinco

Eu preciso falar disto #14 - Basta de Violência, Basta de violência domestica

Olá meus amores!

Post novo no ar!

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Hoje venho falar de um assunto muito sério, e que me tem preocupado bastante, que é a violência doméstica. Eu já vivi bem de perto este drama no meio familiar, que destruiu a minha família. A violência domestica existia desde sempre, cresci assim até aos 6 anos. Nessa altura a minha mãe decidiu sair de casa e a violência acabou por um tempo, mas isto porque a minha mãe nunca encontrou a pessoa certa e andava sempre no meio da violência.

A violência na minha casa era tal que muitas vezes tínhamos que fugir de casa e passar dias fora e quase sempre era eu uma miúda, que tinha que pedir ajuda na rua e no café próximo, para chamar a polícia. A violência era sempre com a minha mãe, nunca bateu em nós filhos, mas isso não quer dizer que não nós tenhamos feito mal, tal violência psicológica está lá e marca muito. Ou seja, ainda hoje em dia carrego a dor de cada empurrão, chapada, pontapés, murros que a minha mãe leva e isso marca como pessoas. Não era só violência física, era muitas vezes também a violência psicológica. A violência doméstica provoca dor, muito mais do que as marcas visíveis de hematomas e cicatrizes. É devastador ser abusado por alguém que se ama e pensarmos que nos vão proteger sempre.

Falo disto porque ainda ontem morreu mais uma mulher às mãos do seu companheiro. E eu pergunto-me quando este pesadelo vai acabar? Os números são cada vez mais assustadores e devastadores. Revolta-me cada vez mais saber que na sociedade em que vivemos ainda aconteça estas coisas e como ainda se fecha os olhos para este assunto. Chega de pensar que não devemos meter a colher entre marido e mulher, temos que dar um, basta a violência e não devemos julgar que não devemos fazer nada.  Temos que fazer queixa e ajudar as pessoas próximas de nós, seja vizinhas, colegas de trabalho ou familiares. Temos muito trabalho pela frente e enfrentar o problema é um deles. Devemos ensinar as meninas o que é ter uma relação saudável, para que não julguem violência normal, e ensinar os meninos a igualdade, para que não as julguem propriedade nem inferiores.

Ainda o ano esta a começar e 13 mulheres já foram vítimas. Parte-me alma, saber que estas mulheres é que tem que sair de casa, tem que começar uma vida em outro lugar com os seus filhos enquanto os agressores continuam em liberdade e no seu contexto familiar. Até quando a VÍTIMA vai mudar a sua vida para se salvar? Doí-me muito saber que como eu, existem crianças que crescem neste ambiente disfuncional e de terror, verem as suas mães espancadas e muitas vezes serem elas também agredidas (este ano já morreu uma criança vitima deste horror).

Ficou furiosa com existência de pessoas tão más neste mundo e capaz de fazer mal alguém que diz amar. E estas pessoas na maioria das vezes aos olhos da sociedade são pessoas decentes, que ninguém desconfia, que se dão bem com os outros, bem sucedidas na sociedade, com poder, formadas que ninguém julga que maltrata a esposa, a namorada, os filhos, os pais.

Viver uma vida cheia de medo é horrível, viver com medo de dizer o que se pensa é horrível, de vestir uma peça mais decotada ou mais curta, de chegar atrasada a casa, ou de uma palavra mal dada, de cumprimentar alguém ou falar com alguém que faça ciúmes. Viver com medo do medo mata uma pessoa, eu vivia a minha mãe. Tinha medo só do simples facto de o meu pai chegar a casa. Todos os dias era um tormento viver no meio daquela violência. Lembro-me que muitas vezes escondia-me de baixo da cama, de fazer xixi pelas calças abaixo e de recusar-me ficar em casa sozinha com o meu pai (apesar de nunca ter violento diretamente comigo). 

No início é tudo muito bonito, a relação parece perfeita, até o primeiro estalo, o primeiro murro, até a primeira proibição. Depois vem as desculpas, e não volta acontecer, e como o amor é cego, nós desculpamos e acreditamos mesmo nisso. Contudo, depois são anos de tormento, no qual as mulheres não conseguem sair e tem medo de pedir apoio, proteção. As mulheres que vivem este drama, tornar-se sombras de si mesmas e só rezam para que a próxima sessão de pancada não as deixem tantas mazelas. 

Esta é a minha história, ainda que indiretamente, e é a história de muitas mulheres em Portugal e pelo mundo. Digam não à violência, o amor não é violento, o amor não bate e muito menos tem que matar.

Nós, mulheres temos que nos ajudar umas, as outras e lutar por todas as mulheres e pela nossa liberdade. Temos que nos valorizar. E não podemos aceitar que a violência seja um erro, nem desculpar, mas sim um crime muito grave e contra a humanidade.

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Façam queixa, procura ajuda. Você tem grande valor. Permitam-se afastarem-se de alguém que vos faz mal. Porque ninguém tem o direito de agredir-vos. Recusem-se

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O meu mundo! Coisas boas acontecem...

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Beijinho e marcamos encontro na próxima publicação.

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